Fale com as Paredes

sexta-feira, dezembro 23, 2005

na sexta-feira eu tive vários sonhos alucinantes...

havia uma centena de urubus de longas asas voando no céu azul. eu os via da janela do meu quarto, de longe eram traços negros rabiscados na imensidão. riscavam o ar suavemente num leve deslizar. quase não batiam as asas que tão longamente se abriam pelo espaço num abraço nunca fechado às correntes quentes do vazio do ar. belos como eu nunca vi, como eu não sei dizer. a mais selvagem tribo de guerreiros que dançam, que amam, que lutam, que matam. de aspecto real, as reluzentes asas negras cobriam-lhes todo o corpo. mas, eu percebi, que naquele balé eles circulavam a carniça. uma carniça ainda viva cuja carne era concreto e os ossos eram metais. a cena toda se desenhava na minha frente e se sublimava pelo seu silêncio. o ataque, quando acontecesse, seria rápido e mortal.
quando eu fui um passarinho, eu voava alto até demais. foi por isso que entrei pela janela daquele imenso prédio arranha-céu. dentro dele eu passei por um grande apartamento que era preenchido por uma riqueza sem luxo exacerbado. eu estava no corredor e andava com passos curtos e quicados. passei por uma porta à minha esquerda que estava aberta para uma grande sala. nessa sala a dona do lugar dizia a não sei quem "Esperai, Gigantes. Esperai." foi quando eu vooei em linha reta em direção à janela no final do corredor, atravassei o vidro e despenquei na vertical em direção à calçada. A sensaçãode cortar o ar, a visão trêmula pelo impacto do vento nos globos oculares, o vácuo criado ao se deixar tudo para trás; e a liberdade de abrir as asas e transformar o fim impactante no suave planar embalado pela brisa.