Fale com as Paredes

sexta-feira, janeiro 13, 2006

uma semana (as camisinhas são importantes)

tem uma porrada de coisa pra escrever, não é mesmo? É mesmo! Por isso vou fazê-lo sem grandes emoções, tá legal? Vou tentar resumir num único parágrafo, embora haja uma séria e importantíssima conversa telefônica no final.

depois de 2 meses de paz e tranqüilidade, a Mariana ligou dizendo que tava grávida de 11 semanas e o pai era eu. era 0h12 da sexta-feira, 6 de janeiro. então eu contei pra todo mundo que usar camisinha é muito importante. presenciei as reações mais absurdas e tive as conversas mais non-senses quando dizia "Vou ser pai". Toda a família deu o maior apoio pra tadinha da Mariana que tava desesperada com a idéia de ser mãe e tinha muito muito muito medo de contar para os pais que ia ser mãe. Domingo haveria um almoço na casa da mãe dela e ela iria contar para sua progenitora. À noite eu liguei pra ela e ninguém atendeu nem na sua casa, nem no celular - tinha desaparecido com um filho meu no ventre. Na segunda-feira, depois do trabalho eu consegui falar com ela. Tava tudo bem, a mãe já sabia e eu não consegui falar com ela porque ela dormiu na casa da mãe, o celular dela estava sem bateria e ela não sabia o meu numero de cor. A mãe dela já sabia? Já sabia! Liguei pra minha mãe, "Ei, mãe, ligo eu, liga você?", "Ligo eu, meu filho, que a gente vai ser avó.". Passou-se meia-hora. "Filho, ela não sabia de nada e a Mariana não tinha dormido lá e..." e falamos mais um monte de coisa. Liguei pra mulher. Não pareceu espantada com a atitude da filha, teve uma atitude de Pilatos - não tenho nada haver com isso. Terça-feira a tarde a telefonista da loja ficou muito preocupada com aquela menina que não parava de ligar e estava chorando querendo falar comigo. "Não se preocupa não, Dani. Tá tudo bem." Às 17h30 eu falei com ela pelo telefone da sala da minha coordenadora. Chorava, soluçava - me xingava. Gritos e juras de maldição, como se eu já não fosse um maldito pela minha própria vergonha de ter sido tão burro. Muito ódio num coração materno. Às 20h15 um telefonema transferido direto para o caixa em que eu me encontrava. Era um velho conhecido, "Não sei como você vai receber a notícia... [pausa, suspiro, fôlego] a Mariana perdeu o bebê... sofreu um aborto..."[longa pausa - minha deixa], "(e agora, o que é que eu digo?) NOSSA! Mas como?" -foi o nervosismo pelo qual ela passou- "A que horas isso acontceu?!" [ele responde] "Ela me ligou lá pelo meio-dia, tava muito nervosa, mas eu tava trabalhando..." [eu atravesso] "Meio-dia? Ela foi pro Hospital?!" [ele me tranqüiliza] "Foi, foi sim, agora ela tá aqui em casa descansado... ela tá dormindo e..." [eu atravesso de novo] "Ah, então ela já foi pro Hospital, já falou com o médico [ele concorda com interjeições] e agora tá aí na sua casa?" [continua concordando e confirma tudo] "É, é... tá aqui..." [eu, com pesar na voz] "É foda, mas que bom que ela já está aí na sua casa depois de ter passado no médico. Olha eu tenho que trabalhar, tá. Obrigado. Falou" [saudações finais e desliga o telefone].

Foi mais ou menos assim.

Agora eu já pedi demissão da Livraria porque vou trabalhar com o meu pai numa pizzaria que logo-logo será inaugurada. A intenção era de ganhar mais dinheiro, já que o salário é o dobro, pra sustentar um filho meu. Lá no trampo tá todo mundo triste porque eu vou sair. Eu também não queria sair, mas fiz um compromisso com meu pai. Devo essa pra ele, depois de várias tretas que ele segurou pra mim. Espero que depois de um ano o negócio já esteja firme e que eu possa voltar pra Livraria. Eu amo aquele lugar.

É engraçado, ninguém acredita que eu não estja bravo ou com ódio da Mariana pelo que ela fez. Mas eu não estou! Já faz tempo que eu acredito que não existe inferno nenhum além do qual a gente passa nessa vida com as conseqüências de nossos atos. O que eu acredito é que aqui a gente faz, aqui a gente paga; e se tudo isso aconteceu comigo, eu sei que é porque eu já tinha feito muito por merecer.

Por isso eu digo pra todo mundo que usar camisinha é muito importante.

5 Comments:

  • Oi filhinho da mamãe, to cansada demais pra escrever, aguarde meus comentários, você sabe que sua mamãe é sincera!!!! Beijos.

    By Anonymous Anônimo, at domingo, janeiro 15, 2006 11:22:00 PM  

  • Tentei postar não consegui, te mandei um e-mail me responda!

    By Anonymous Anônimo, at quarta-feira, janeiro 18, 2006 11:54:00 AM  

  • ta arrespondido, Ursolino!

    By Anonymous Anônimo, at quinta-feira, janeiro 19, 2006 9:54:00 AM  

  • Uma vez alguém me disse que era preciso ler nas entrelinhas... Gozado, não é preciso fazer isso com este post, ta mais do que claro o tom ao que vc se refere a mim. É a ultima vez que vejo isso que vc chama de blog, é ultima vez que dirijo minha palavra a sua pessoa... Ao contrario do que todos acham, que eu deveria te odiar, não te odeio. Não acho justo vc expor coisas q tb me pertencem assim na internet. Se vc acha q estou escondendo alguma coisa, saiba q não tenho nada pra esconder, nem de vc, nem de ninguém. Isso só me faz sentir pena de vc. Vc diz que está pagando, acho que ainda está por vir, pq vc não tem ideia do que eu passei.
    Pode ficar tranquilo que não estou rogando praga,longe disso, não me meterei na sua vida. Respeito vc,seu pai, todo mundo e sempre respeitei mto a sua mãe, só acho um absurdo vc se referir a minha mãe do jeito q se referiu. Ela tem deficiencia auditiva e não tava entendendo uma palavra do que vc tava dizendo. De mim, fale o que quiser. Só é surreal demais pra mim ver esse tipo de coisa assim, na net...Paciencia.
    Cazuza pra vc.
    "Vamos pedir piedade
    Senhor, piedade
    Lhes dê grandeza e um pouco de coragem.
    Quero cantar só para as pessoas fracas
    Que tão no mundo e perderam a viagem
    Quero cantar os blues
    Com o pastor e o bumbo na praça.
    Vamos pedir piedade
    Pois há um incêndio sob a chuva rala
    Somos iguais em desgraça
    Vamos cantar o blues da piedade"

    By Anonymous Anônimo, at quinta-feira, janeiro 19, 2006 4:12:00 PM  

  • Passa lá nomeu blog!

    By Anonymous Anônimo, at segunda-feira, janeiro 23, 2006 11:59:00 AM  

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