Era pra ser um comentário no post anterior.
"Urso the kid disse...
Muito legal o poema... só que eu não consigo senti-los de uma forma tão
Muito legal o poema... só que eu não consigo senti-los de uma forma tão
simples assim... tá certo que eu os intendo [SIC] lá do meu jeito, mas sei lá entende?(...)"
Urso, voltando a questão dos poemas, acho que, por mais complexos que eles as vezes possam parecer, fica claro que tanto os de Gullar e de Drummond, quanto a música do Gil tratam do fazer poético e da sua dificuldade.
O Gullar e o Gil trazem uma visão mais otimista de um poeta que desafia o impossível, podendo fazer desse algo possível. "Tudonada" pode acontecer na cabeça-lata do poeta. Com uma simples palavra, como "elefante", construímos uma imagem de um animal que pesa toneladas; mas se é dito "um elefante na palma da minha mão" lá está o impossível se fazendo acontecer em imagem mental, é poesia.
No entanto, a poesia também é um problema. Isso é apresentado na primeira parte (da 1ª a 7ªestrofe) do poema de Gullar e sobretudo nos verso "a coisa é fechada à humana consciência". O Drummond aprofunda mais essa questão, dando uma visão que não é chega a ser pessimista, mas gauche, torta. As palavras, elemento básico de qualquer poema, não são absolutas representações da realidade - do contrário não seriam tantas, mas apenas uma, como a própria realidade - elas são estilhaços, cacos, fragmentos de um todo que se perdeu: nossa consciência total e única.
Assim elas funcionam como um filtro que reduz a realidade até um formato em que possámos captá-la. Mas, por serem fragmentos, elas não possuiem um sentido fechado e completo, e mesmo se possuirem esse pode ser moldado de acordo com a nossa consciência. Então, aquilo que se quer dizer nunca é exatamente dito, pode-se dizer mais ou pode-se dizer menos do que o exato sentido "puro" que se pretendia transmitir. Isso ocorre porque as palavras guardam um vazio, próprio da condição humana, que torna impossível a apreensão de qualquer sentido real. É o que acontece no "A máquina do mundo".
É mais ou menos isso.