Fale com as Paredes

terça-feira, janeiro 31, 2006

post só para minha mãe, como prometido nos comments do post anterior

ai! que eu to que não me agüento nas cuecas!!!!

Operário em construção

Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.

De fato, como podia
Um operário em construção
Compreender por que um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia...
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse, eventualmente
Um operário em construção.

Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, o cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
- Garrafa, prato, facão -
Era ele quem fazia
Ele, um humilde operário,
Um operário em construção.
Olhou em torno: gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem o fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.

Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento!
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequr suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.

Foi dentro da compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu o operário.
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão
Pois além do que sabia
- Exercer a profissão -
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.
(...)

então tá então!

eu ainda estou emburrado com esse povo, Paredes! Esses trogloditas incapazes de apreciar a sutileza de uns poucos belos posts que eu coloco aqui (tô falando do último e do ante-penúltimo post, prestem atenção!!). Mas há algo mais importante que essa vã filosofia egocêntrica: há Vinícius de Moraes.

SIM!

E EU TENHO A NOVA ANTOLIGIA POÉTICA DELE!!!!!
(ela não é tão nooova assim... mas é linda!
l-i-n-d-a!
l-e-i-in-de-a!!
liiiinda!!
lindaaaa!)

quinta-feira, janeiro 26, 2006

ainda na seção vale a pena ver de novo

OS EPITÁFIOS:


Epitáfio I
Pede perdão
Pela duração
Dessa temporada
Epitáfio II

Tão longo o Amor
Tão curta
a vida

Epitáfio III

Ninguém pode explicar a vida

num samba curto.

Epitáfio IV

Decifra-me ou devoro-te

Epitáfio V

Para mim
Chega!

Epitáfio VI

Prefiro morrer
que perder a vida!

um dia todos terão

um blog decadente para repetir antigos posts...

visitando o antigo "Falando com as Paredes"* achei esse post de 17/09/04

"(ou: você não precisa entender.)

(Não, não vou fazer nada disso. Chega, tá legal. Vou queimar sozinho no fundo de um caverna escura, perdida num canto vazio do universo. Sentir a chama esquentar o contorno do meu corpo, cada poro meu se tornar um mínimo vulcão e ver labaredas vivas dançado no reflexo de minhas pupilas antes dos meus olhos derreterem lentamente; porfim, brilhar. Não sobrará nada, nem pra mim e nem pra você. Nada, nem um fio de cabelo e nem uma foto. Estarei vazio e serei nada. Não poderei ser de ninguém e por isso serei de todos. Serei todos. E serei tudo. Me tornarei deus para poder deixar de existir, e como deus serei a imagem do homem e um homem e todos os homens e, então, criarei o mundo com palavras que eu inventei.) "

*link aí do lado como "Saudosa Maloca", clica aqui vai...

terça-feira, janeiro 24, 2006

neste momento as Paredes ouvem:

Velha Roupa Colorida
Belchior

Você não sente nem vê
Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo
Que uma nova mudança em breve vai acontecer
E o que há algum tempo era jovem novo
Hoje é antigo, e precisamos todos rejuvenescer

Nunca mais teu pai falou: "She's leaving home"
E meteu o pé na estrada, "Like a Rolling Stone..."
Nunca mais eu convidei minha menina
Para correr no meu carro...(loucura, chiclete e som)
Nunca mais você saiu a rua em grupo reunido
O dedo em V, cabelo ao vento, amor e flor, quero cartaz

No presente a mente, o corpo é diferente
E o passado é uma roupa que não nos serve mais

Como Poe, poeta louco americano,
eu pergunto ao passarinho: "Black bird, Pássaro preto, o que se faz?"
E raven never reven never reven
Pássaro Preto, black bird me responde: "Tudo já ficou atrás"
E raven never reven never reven
Black bird, Pássaro Preto, Pássaro Preto me responde:"o passado nunca mais"

quinta-feira, janeiro 19, 2006

putz, vamos mudar de assunto, né?!

banalidades bombásticas

depois de toda a históia da minha paternidade relâmpago tenho a impressão de que as coisas agora estão mais banais. parece que eu perdi aquele elemento surpresa aqui em casa, sabe, aquela capacidade de chocar as pessoas com uma notícia. as conversas pelo telefone com minha mãe têm sido assim:

- alô, tô grávida.
- oi, mãe, tudo bem?
- sim, eu tô grávida. alguma novidade?
- acho que eu vou ser pai e na quinta-feira eu tô de folga. você?
- hum... tô grávida, mas pra variar ninguém dá bola. os inquilinos disseram que vão pagar o aluguel - (ou o contrário; ou eles não disseram nada; ou eles fugiram sem falar e sem pagar coisa alguma. isso varia de acordo com a disposição das linhas energéticas cósmicas que são paralelas e que só por acaso se encontram na casa dela) - e amanhã acho que eu vou ao Fórum...
- hum...

- ...
- ...
- e então... hãn... tá tudo bem com você?
- comigo tá. e você?
- também.
- ... hum... legal. então tá, beijo. eu vou ser pai.
- é, beijão. se cuida você, hein. eu tô grávida.

sexta-feira, janeiro 13, 2006

uma semana (as camisinhas são importantes)

tem uma porrada de coisa pra escrever, não é mesmo? É mesmo! Por isso vou fazê-lo sem grandes emoções, tá legal? Vou tentar resumir num único parágrafo, embora haja uma séria e importantíssima conversa telefônica no final.

depois de 2 meses de paz e tranqüilidade, a Mariana ligou dizendo que tava grávida de 11 semanas e o pai era eu. era 0h12 da sexta-feira, 6 de janeiro. então eu contei pra todo mundo que usar camisinha é muito importante. presenciei as reações mais absurdas e tive as conversas mais non-senses quando dizia "Vou ser pai". Toda a família deu o maior apoio pra tadinha da Mariana que tava desesperada com a idéia de ser mãe e tinha muito muito muito medo de contar para os pais que ia ser mãe. Domingo haveria um almoço na casa da mãe dela e ela iria contar para sua progenitora. À noite eu liguei pra ela e ninguém atendeu nem na sua casa, nem no celular - tinha desaparecido com um filho meu no ventre. Na segunda-feira, depois do trabalho eu consegui falar com ela. Tava tudo bem, a mãe já sabia e eu não consegui falar com ela porque ela dormiu na casa da mãe, o celular dela estava sem bateria e ela não sabia o meu numero de cor. A mãe dela já sabia? Já sabia! Liguei pra minha mãe, "Ei, mãe, ligo eu, liga você?", "Ligo eu, meu filho, que a gente vai ser avó.". Passou-se meia-hora. "Filho, ela não sabia de nada e a Mariana não tinha dormido lá e..." e falamos mais um monte de coisa. Liguei pra mulher. Não pareceu espantada com a atitude da filha, teve uma atitude de Pilatos - não tenho nada haver com isso. Terça-feira a tarde a telefonista da loja ficou muito preocupada com aquela menina que não parava de ligar e estava chorando querendo falar comigo. "Não se preocupa não, Dani. Tá tudo bem." Às 17h30 eu falei com ela pelo telefone da sala da minha coordenadora. Chorava, soluçava - me xingava. Gritos e juras de maldição, como se eu já não fosse um maldito pela minha própria vergonha de ter sido tão burro. Muito ódio num coração materno. Às 20h15 um telefonema transferido direto para o caixa em que eu me encontrava. Era um velho conhecido, "Não sei como você vai receber a notícia... [pausa, suspiro, fôlego] a Mariana perdeu o bebê... sofreu um aborto..."[longa pausa - minha deixa], "(e agora, o que é que eu digo?) NOSSA! Mas como?" -foi o nervosismo pelo qual ela passou- "A que horas isso acontceu?!" [ele responde] "Ela me ligou lá pelo meio-dia, tava muito nervosa, mas eu tava trabalhando..." [eu atravesso] "Meio-dia? Ela foi pro Hospital?!" [ele me tranqüiliza] "Foi, foi sim, agora ela tá aqui em casa descansado... ela tá dormindo e..." [eu atravesso de novo] "Ah, então ela já foi pro Hospital, já falou com o médico [ele concorda com interjeições] e agora tá aí na sua casa?" [continua concordando e confirma tudo] "É, é... tá aqui..." [eu, com pesar na voz] "É foda, mas que bom que ela já está aí na sua casa depois de ter passado no médico. Olha eu tenho que trabalhar, tá. Obrigado. Falou" [saudações finais e desliga o telefone].

Foi mais ou menos assim.

Agora eu já pedi demissão da Livraria porque vou trabalhar com o meu pai numa pizzaria que logo-logo será inaugurada. A intenção era de ganhar mais dinheiro, já que o salário é o dobro, pra sustentar um filho meu. Lá no trampo tá todo mundo triste porque eu vou sair. Eu também não queria sair, mas fiz um compromisso com meu pai. Devo essa pra ele, depois de várias tretas que ele segurou pra mim. Espero que depois de um ano o negócio já esteja firme e que eu possa voltar pra Livraria. Eu amo aquele lugar.

É engraçado, ninguém acredita que eu não estja bravo ou com ódio da Mariana pelo que ela fez. Mas eu não estou! Já faz tempo que eu acredito que não existe inferno nenhum além do qual a gente passa nessa vida com as conseqüências de nossos atos. O que eu acredito é que aqui a gente faz, aqui a gente paga; e se tudo isso aconteceu comigo, eu sei que é porque eu já tinha feito muito por merecer.

Por isso eu digo pra todo mundo que usar camisinha é muito importante.

quinta-feira, janeiro 05, 2006

feliz gato-novo!

Paredes, voltei.

Tomanos vinho, comemos muitos pastéis e assistimos Shrek 2 (minha mãe ainda não tinha assistido nem o 1, nem o 2) no reveillon. Pode parecer a coisa mais sem graça do mundo, mas eu tava em casa com a minha mãe, o Urso (nós temos fé de que ele vai postar naquele blog!), a Susana (irmã do Urso) e a Fernanda. Pessoas que amo (e chega de baitolice, que amor é coisa de viado...). Eu curti pra caralho e é claro que achei 3 dias muito pouco em Marília City. Se o Urso gostou da Fernanda? - Apesar de ter rosnado inicialmente, ele amou a menina que curte Cordel do Fogo Encantado e faz Kung-Fu (ele também é baitola...). Teria amado mais se ela passasse no teste de jogar Playstation 2 na Casa Mágica, mas faltou tempo para esse teste.

A grande novidade do ano-novo surgiu logo na manhã do dia 1º quando eu abri a porta da frente e minha mãe, ao mesmo tempo, a janela do quarto (ambas na mesma parede vista de fora) e demos de cara com um gato de 2 meses, olhos azuis e um genuíno ar de siamês vira-lata. Em menos de 12 horas o miauliante (pescou? pescou? -putz que tosco!) já tinha dominado todos na casa, com exceção do Fidida que ficou enciumada. Que conste nos registros que o nome do miauli... (tá bom, não vou fazer isso de novo) gato ficou sendo Chico (é com "Ch", viu o doutora!), embora inexoravelmente venhámos a chamá-lo por um apelido muito original e preciso do tipo "o Gato".

Como podemos ver nos comentários-posts da minha mamãezinha no post anterior parece que agora nós temos um segundo gatinho e obviamente (viu, doutora!) será Vinícius - porque era a segundo opção pro nome do Chico. Eu só espero que com tanto gato (tá bom, 2 não são nada comparados ao 13 que a gente já teve) a minha mãe se lembre que gatos de 2 meses que aparacem do nada sem avisar ninguém correm o risco de ter pulgas! - Remédio neles, doutora mamãe! E na Fidida também, pra ela não ficar com ciúmes!

Agora, pra Paredes astrólogas-videntes-ciganas-mediúnicas, quais as preciões para um ano que começa com um gato dormindo na porta de casa?